quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Coisa profundamente irritante nº 16 - Barulho em tempos de silêncio

Ah, uma biblioteca onde finalmente posso ter silêncio! Que alegria se espalha dentro de mim! Silêncio ou pelo menos algo aproximado, o que nos dias de hoje já não é nada mau. Há muito que vou a bibliotecas e me tenho de aguentar com não conseguir concentrar-me minimamente no livro que estou a ler ou no que estou a escrever, tal é o barulho de pessoas reunidas a fazer trabalhos de grupo (apesar de haver salas apropriadas para isso) e a falar como se estivessem em casa. Sim, como se estivessem em casa e fossem 3h da manhã. Porque é isso que também acontece. E eu sei que não é problema do prédio onde estou actualmente a morar, porque nos últimos anos, não conseguir dormir apesar de não me deitar nada cedo, tem sido uma constante na vida nos vários prédios por onde tenho passado. Já não há horas para se dizer: “Façam pouco barulho, olhem os vizinhos…”
Que saudades tenho eu desses tempos. Agora os vizinhos respondem ao barulho com barulho e só temos barulho, não há silêncio. E isso preocupa-me. Estamos a perder muitos direitos graças a esta crise financeira, mas estamos a perder também direitos devido a outras crises. Onde é que eu arranjo silêncio? Onde posso estar e a que horas, sem vozes a falar no tom que lhes apetece em horas em que eu tinha direito a estar silenciosamente a descansar… há já algumas horas atrás? Ou poder estar a ler? Ou a escrever?
Para mim encontrar uma biblioteca onde façam “Chiuuu”, como antigamente, é o céu. Assim como deitar-me às 2h, 3h da manhã e ter silêncio é o paraíso. Não ter de ligar o rádio para disfarçar as vozes dos vizinhos, pois a música sempre é um barulho artístico e que não me revolta as entranhas. Já penso até deixar a minha querida “Sunny Lisboa” e procurar um sítio rural, sem vizinhos, onde recupere o meu direito ao silêncio. Pelo menos naquelas horas em que supostamente esse já era um bem adquirido. Mas isso também o subsidio de férias e do Natal, a segurança nos empregos, menos horas de trabalho, e num instante se foram… Um minuto de silêncio em sua homenagem. A não, não pode ser, é verdade, esse também já se foi.

1 comentário:

  1. Que bicho do mato!!!
    Tenho 4 palavras para ti: Tampões para os ouvidos! TCharã!
    E quando estás na biblioteca, tens 2 hipoteses: tampões para os ouvidos ou a tua própria música fornecida por auriculares daqueles que isolam o som exterior. É o céu!
    E vai lá viver para o campo que passado uns tempos dás uns tiros na tola pq estás a morrer estúpida! :P

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